domingo, 3 de outubro de 2010

Canyoning



Eu estava muito bem no meu local de trabalho, quando recebo um telefonema de um amigo a fazer-me, mais que um convite, um desafio: fazer canyoning no Gerês. Respondi-lhe mais que depressa que, como eu já lhe tinha dito uma vez, eu tinha medo de andar de canoas pois acho sempre que elas vão virar e eu vou ficar lá em baixo. Depois de rir da minha “ogonorância” ele me explicou “por alto” do que se tratava. Como senti-me desafiada, disse logo que sim e procurei saber o menos possível acerca desta actividade. Resultado: no sábado, lá estava eu para ter uma das melhores experiências da minha vida!

O Canyoning surgiu na década de 70 e, diferente do que a maioria das pessoas pensam, não está limitado ao rapel em cachoeiras. Este esporte vai muito além disso: envolve tudo o que diz respeito a exploração da própria natureza e do ambiente dos canyons e dos rios em garganta.

Caminhamos aproximadamente 45 minutos a subir e a descer por entre as rochas e finalmente chegamos ao “ponto de entrada” no rio Arado. Tudo pronto, todos devidamente equipados – fatos de neoprene, luvas, capacete, cadeirinhas, freio oito, mosquetões... e lá fomos nós.

Primeiro desafio: andar dentro do rio e tentar não dar com o rabo nas rochas. Problema facilmente resolvido quando descobri que podia deitar-me - o fato até ajudava a manter-me a flutuar na agua. Legal. Ainda descansava e curtia toda a natureza à minha volta.

Segundo desafio: saltar de uma altura de +/- 6 metros para dentro de uma piscina natural que mais parecia um desenho multicor. Não pensei muito, senão não ia. Thibum... delícia!

A caminhada molhada continuou até que chegamos, depois de outros tantos saltos ao terceiro desafio – descida de 30 metros!! Nunca olhei para baixo até estar toda equipada e seguramente amarrada para descer – mesmo porque a posição inicial é de costas para o “vazio”. Mas não resisti e dei a primeira espreitadela. Virei logo o rosto e procurei pela possibilidade de sair dali e voltar tudo para tras novamente: impossível! A coisa mais sensata a fazer era mesmo descer. E assim foi. A emoção, obviamente foi enorme. Medo? Não tive tempo para pensar nele. Ia escutando as orientações do meu amigo e procurando segui-las à risca. Depois, foi só soltando os pés e iniciar o rapel.

Seguiram-se outros desafios, todos banhados com uma dose maior ou menor de adrenalina.. Todos vividos com intensidade de quem tem o privilégio de interagir com a natureza de ângulos inusitados.

Desafio cumprido, a sensação é a de ser o super homem, digo, uma super mulher. E uma super mãe pois os meus filhos estavam ali comigo vivendo aquilo tudo que a natureza nos oferecia. Foi imenso o prazer da superação dos obstáculos mas principalmente, a superação pessoal. Filhos para curtir, para mimar, amigos para partilhar. E a melhor parte: as histórias pra contar !!!

Segundo o que o meu amigo falou, o caudal do rio estava extremamente baixo. Serve perfeitamente de “desculpa” para lá voltar.

Assim espero.

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